Poema de Sumário

Em resumo

Nesta audiência
Eu estou diante de meus colegas membros
do Departamento dos Poetas Torturados
Com um resumo das minhas descobertas
Um interrogatório, uma rebobinagem detalhada
Com o propósito de alertar
Pelo bem de lembrar

Como todos vocês podem infelizmente lembrar-se
Eu fui atingido por um caso de uma humanidade restrita
O que explica meu apelo aqui hoje
de i n s a n i d a d e temporária

Veja, o pêndulo balança
Oh, o caos que isso traz
Leva a fera enjaulada a fazer as coisas mais curiosas

Amantes passam anos negando o que é um mau destino
Ressentimento apodrecendo as galáxias que criamos

Estrelas colocadas e coladas meticulosamente à mão ao lado do ventilador de teto

Tentei desejar aos cometas,
Tentei diminuir o brilho,
Tentei orbitar seu planeta,
Algumas estrelas nunca
se alinham
E em uma conversa,
Eu destruí o céu inteiro.

A primavera surgiu com
tons de liberdade deslumbrantes
Então um estrondo da clarabóia estourando
Alguma coisa velha, alguém sagrado, que me disse que ele poderia ficar novinho em folha

E então eu estava fora do forno e dentro no microondas
Fora da prisão e dentro do maremoto
Quão galante foi salvar a imperatriz de sua torre dourada
Balançando uma espada ele mal poderia levantar
Mas a solidão atingiu naquela fatídica hora
Frutas penduradas em seus lábios manchados de vinho

Ele nem sequer arranhou a superfície de mim.

Nenhum deles fez isso.

“Em resumo, não foi caso de amor!”
Eu gritei enquanto colocava meus punhos em minha mesa manchada de café
Foi uma fase maníaca mútua.
Foi automutilação.
Era a casa e depois parada cardíaca.

Um sorriso se insinua no rosto desta poeta
Porque é sobre os piores homens que eu escrevo melhor.

E então eu entro com evidências
Meu brasão manchado
Minhas musas, adquiridas
como hematomas
Meus talismãs e encantos
O tique, tique, tique
de bombas de amor
Minhas veias de tinta preta

Vale tudo no amor e na poesia…

Atenciosamente, a presidente do Departamento dos Poetas Torturados

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